segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

DEFICIÊNCIA X HEROÍSMO





Peter Parker sempre foi um dos meus grandes amigos, desde a infância até os dias de hoje. Nele me identifiquei como um cara popular, exatamente por não ser popular e estar fora dos padrões.

 Um belo dia ele ganha poderes extraordinários e a partir daí ele põe uma máscara e um uniforme estiloso para combater o crime como o espetacular Homem-Aranha, ou seja, ele cria outra pessoa.

Assim como ele, Batman, Superman, entre tantos outros possuem uma vida dupla com a desculpa de proteger seus entes queridos, mas eu acredito que eles se protegem deles mesmos, afinal de contas ser herói 24 horas por dia é muito cansativo, e digo isso por experiência própria.

Em todos os casos citados pouquíssimas pessoas conhecem os dois lados de Peter, Clark e Bruce. Lois Lane e Mary Jane tem este privilégio e exatamente por isso conseguem enxergá-los por inteiro e os admiram pelo que eles realmente são e não pela imagem que os outros têm deles.

Eu, por outro lado, sou cadeirante em tempo integral e carrego comigo a imagem de “perfeição” e “pureza” de sentimentos imputadas a todas as pessoas com deficiência.

As pessoas com deficiência gozam de uma liberdade e de uma superproteção quando expõem suas opiniões que nem sempre é saudável. Eu tive uma criação muito “certinha” digamos assim, isso, junto com a imagem “pura” da pessoa com deficiência fizeram e fazem com que eu deixe de fazer/falar o que penso simplesmente para manter ou não arranhar essa imagem que os outros criaram ao meu respeito.

Acredito que isso aconteça com muita gente e tenho me policiado a esse respeito, expondo cada vez mais minhas vontades e opiniões. Isso vem sendo engrandecedor e revelador pra mim, tanto em relação ao meu autoconhecimento, quanto ao conhecimento de algumas pessoas que me cercam.

Eu sei que ninguém é verdadeiro 100% do tempo, mas vivemos em um momento em que as pessoas estão agindo mais para agradar as outras do que para se agradarem.

Seja mais você, goste mais de você do que dos outros, pois a opinião sobre você que mais importa é da pessoa que está lendo este texto.

Essa postura de agradar os outros e não a mim se refletia de maneira clara quando eu me interessava por uma amiga. Não me manifestava por medo de quebrar aquela imagem do “amiguinho cadeirante bonitinho”. Sei que muitas amigas que se interessavam por mim também não diziam nada exatamente por essa mesma imagem. Hoje em dia, minha postura é outra, se tenho interesse em alguém falo de forma direta e objetiva e espero que se tiver alguém interessada em mim que se manifeste (risos).

Eu tenho um banner gigante de uma foto minha com a Claudia Leitte no meu quarto e ele não vai sair de lá tão cedo, apesar das objeções de muitos, pois ele tem um significado muito maior pra mim do que a própria foto e a artista em si. Tenho um bonequinho do Homem-Aranha na minha mesa de trabalho, minha mãe me dá comida na boca em público em vários momentos.

O que mais ouço é que essas coisas me infantilizam e, talvez, isso até aconteça, mas eu prefiro que as pessoas criem essa imagem “errada” ao meu respeito do que passar vontade com essas coisas “banais”. Quem me conhece de verdade sabe que não tenho nada de infantil e que sou maduro o suficiente inclusive para aceitar isso com tranquilidade.

Eu não quero ser o herói de ninguém, mas acredito que isso não depende de mim, depende do que eu desperto nas pessoas que me olham. Uma coisa é certa: eu só posso ser o herói de alguém se eu for o meu próprio herói primeiro.

Seja o seu próprio herói. Se ame, se cuide, se entregue a você mesmo. Aceite-se como você é, pois não tem sentido você mentir pra si mesmo.

4 comentários:

  1. Ótimo conselho, Roger. Estou precisando fazer mais isso.

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  2. Belo texto sr.puritano kkkkkkkkkkkkk excelente conselho meu amigo, grande abraço

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  3. Gratidão! Linda mensagem!!
    Belo conselho! Estava precisando ler isso! Vou compartilhar. 😊🌷

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