SENTA QUE A HISTÓRIA VAI CONTINUAR...

Bom galera continuando minha história de vida...
Como eu disse pra vocês minha introdução na vida escolar foi bem tranquila muito em parte pela fantástica escola em que comecei e que infelizmente hoje não existe mais. Essa tranquilidade acabou quando ficou decidido que eu iria mudar de escola.
A primeira ideia dos meus pais era me colocar na escola onde minhas irmãs já estudavam - Colégio Leonardo da Vinci - na asa sul.
Chegando lá minha mãe foi conversar com a pessoa responsável e colocou as minhas necessidades especiais que precisavam ser atendidas para que eu pudesse estudar na escola (uma pessoa para me ajudar ir ao banheiro e uma mesa que coubesse minha cadeira de rodas), a resposta da escola foi que ela não estava preparada e não iria receber um cadeirante, como resultado meus pais tiraram dois das minhas três irmãs que estudavam lá e fomos os três para o Sigma. Foi a primeira vez que senti o preconceito de forma tão clara.
Dizem que “há males que vem para o bem" e esse foi exatamente o caso.
Quando cheguei ao Sigma fiquei assustado com o tamanho daquele colégio, mas o que me dava alguma segurança era o fato de vários outros amigos já estarem estudando no lá, entre eles Carol, Raoni e Juliana, além disso, o Sigma, diferente do Leonardo, se colocou plenamente disposto á atender todas as minhas necessidades que pudessem vir a surgir. Por azar, ou sorte talvez, eu fui parar em uma turma que não tinha nenhum conhecido meu. Hoje vejo que dei muita sorte, pois não pude me apoiar em "muleta" nenhuma e tive que me virar sozinho no começo no começo porque em muito pouco tempo eu já estava completamente entrosado com a turma e totalmente ambientado na nova escola. Foram cinco anos de Sigma, cinco anos de boas histórias, umas alegres outras tristes, umas divertidas outras nem tanto. Dois fatos me marcaram muito nesse período de Sigma.
O primeiro foi em uma aula de redação do professor o Eli, onde ele me deixou de fora da aula por não ter levado um material que ele pediu na aula anterior, apesar dele ter recebido críticas de outros professores, ali eu me senti feliz, pois estava sendo tratado de forma igual e justa em relação aos outros alunos e isso foi muito importante para o meu amadurecimento.
O segundo fato tem uma importância gigantesca na minha vida. Estava no último semestre de 98, ano da formatura, eu estava a toda na fisioterapia para me recuperar da minha terceira grande cirurgia, feita em SP para corrigir os "equívocos" porque depois daquele sofrimento todo, meus pés continuavam tortos e com muita dor eu não conseguia pisar e muito menos fazer a marcha, além do fato de meu organismo estar rejeitando os pinos colocados nos meus pés (três em cada). Essa cirurgia foi feita pelo Dr Napoli, um dos maiores especialistas em cirurgias em pés do mundo, e dessa vez deu tudo certo graças a Deus. O pós-operatório foi BEM menos doloroso e hoje meus pés estão certinhos e sem pino algum, obrigado Dr Napoli!
Bem, vocês devem estar se perguntando o motivo de citar essa cirurgia agora. Como eu estava muito confiante na minha evolução pós-cirúrgica, conversei com o professor Eli, que seria o paraninfo da turma, para fazermos uma grande surpresa para a colação de grau.
Na colação de grau toda aquela emoção já de praxe de toda formatura e eu vendo todos os meus amigos ali terminando um ciclo importantíssimo em nossas vidas.
Depois de toda aquela parte chata de toda colação chega a hora do discurso do professor Eli, eu ansioso com as mãos suando esperando o grande momento. Terminado o discurso o professor fala que quer entregar o discurso dele para uma pessoa especial e chama meu nome, me dirijo até meu andador e, com o auxílio da minha irmã, me coloco de pé e vou andando pegar o discurso. Foi um silencio ensurdecedor, todos chocados com a surpresa e com os olhos cheios de lágrimas. No fim da colação foram beijos e abraços, quando abracei meu amigo Raoni tive a certeza que nossa amizade é muito forte e verdadeira, e Ju, com os olhos cheios de lágrimas me abraçou, e aquele foi um dos momentos mais marcantes e emocionantes de toda a minha vida.